quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Como gerar suspense ( ou outras emoções...) em seus textos


Em "On Writing", Stephen King conta sua história de vida, desde suas primeiras experiências como escritor, passando pelo momento do primeiro "grande contrato" que mudou sua vida, e além, apresentando seu método de trabalho e dicas em geral - por exemplo, colocando a boa educação como uma das melhores ferramentas para conseguir-se um agente literário ou editora. O que ele não fala, até porque (aparentemente) ele o faz inconscientemente, é como ele consegue gerar certos efeitos em seus livros - por exemplo, como ele gera suspense ou tensão.

Mas, antes de continuar, uma de suas dicas mais importantes: o uso excessivo de técnicas pode estragar a naturalidade do texto, e arruinar um bom trabalho.  A técnica não consegue tornar bom um autor ruim, mas consegue tornar passável um autor mediano, ou tornar muito bom um autor bom. Escrever é a melhor forma de aprender a escrever, então esta é a melhor técnica a ser seguida!

Aviso feito, seguem as dicas que apreendi dos livros de Stephen King e outros semelhantes:

  • Uma boa forma de gerar suspense é retardar a velocidade de leitura, incluindo descrições de pequenos detalhes, como se a percepção do personagem/narrador estivesse ampliada pelo medo ou tensão.  Por exemplo, quando o personagem desce uma escada em direção ao porão, o narrador pode falar do rangido dos passos, de um ou outro movimento nas sombras, do cheiro de umidade, da textura da tinta se descascando nas paredes ao toque da mão do personagem, do gosto metálico na boca do personagem, da sensação opressiva como se estivesse se aproximando de sua morte...

  • Outra ferramenta usada por Stephen King é "contar o que vai acontecer", dando uma pista que algo ruim ocorrerá para que o leitor fique tenso, esperando por isso.  Por exemplo, no conto "O Nevoeiro", o personagem principal "se despede com um beijo de sua esposa e olha em seus olhos como se fosse pela última vez... e realmente era."

  • Mais um detalhe interessante, e que pode ser usado em qualquer tipo de história, é explorar o sentidos.  Mesmo depois do texto pronto, é possível retornar em uma terceira ou quarta revisão e incluir descrições reforçando as impressões dos seis sentidos (visão, olfato, tato, audição, gustação e premonição/sensações).  Exemplo?  Releia o primeiro ponto desta lista!

  • O uso de metáforas também ajuda nesta "geração de suspense" (ou de outro sentimento, dependendo da história).  Assim, se em uma história de amor a lua é um grande globo dourado, iluminando a noite dos amantes, em histórias de terror ela é um grande olho doente, de um antigo deus raivoso, observando o mundo abaixo de si.

  • Outra coisa comum nos livros de Stephen King, também presente nos livros de André Vianco, é a inclusão de detalhes e lugares comuns no meio de todo o terror da história.  Normalmente a história começa no "mundo real" antes de derivar para os grandes problemas, o que leva o leitor a sair "naturalmente" de seu mundo normal e aceitar o absurdo como parte de sua realidade, o que aumenta o suspense.  Além disso, em meio ao "terror" estes autores incluem fatos comuns, justamente para aumentar a credibilidade - como um dos personagens de "Bento", de André Vianco, que andando em um mundo destruído, acaba por passar dentro de uma loja da "Casa do Pão de Queijo".

2 comentários:

  1. Boa noite Eliane,

    Gostei demais das dicas, são importantes e relevantes em qualquer história.

    Abçs.

    http://devoradordeletras.blogspot.com/

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  2. Demais! Eu adorei as dicas. Um bom suspense sempre nos provoca inúmeras sensações, e ao fechar o livro deixa uma satisfação hehehe Beijos.

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